quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O Caminho de Deus e como encontrá-lo Parte 2


 Parte 2

         Aqui estava a direção divina - a direção, podemos dizê-lo com certeza, mais que suficiente para mantê-los livres da influência de seus olhos, dos olhos de Hobabe, e dos olhos de qualquer outro mortal. É interessante notar que na abertura do livro de Números, ficou estabelecido que a arca do concerto deveria ocupar o seu lugar bem no seio da congregação; mas o capítulo 10 nos fala de quando partiram "do monte do Senhor caminho de três dias: e a arca do concerto do Senhor caminhou diante deles caminho de três dias para lhes buscar lugar de descanso" (Nm 10:33). Ao invés de Jeová encontrar um lugar de descanso no meio de Seu povo redimido, Ele passa a ser seu Guia de viagem, e vai diante deles a fim de buscar para eles um lugar de descanso.
Que comovente graça temos diante de nós! E que fidelidade! Se for para Moisés pedir a Hobabe que seja o guia deles, e isso bem diante da provisão dada por Deus - da própria nuvem e da trombeta de prata, então Jeová irá deixar o Seu lugar no centro das tribos e ir adiante deles para buscar-lhes um lugar de descanso. E porventura Ele não conhecia bem o deserto? Não seria Ele melhor para o povo do que dez mil Hobabes? Não poderiam eles confiar nEle? Sim, com toda certeza. Ele não os deixaria errar. Se a Sua graça os havia redimido da escravidão do Egito, e os tinha conduzido através do Mar Vermelho, certamente eles poderiam confiar na mesma graça para guiá-los através daquele grande e terrível deserto, e introduzi-los seguros na terra onde manava leite e mel.
Mas é bom que se tenha em mente que, para que se possa desfrutar da direção divina, deve haver o abandono de nossa própria vontade, e de toda a confiança em nossos próprios raciocínios, bem como de toda a confiança nos pensamentos e raciocínios de outros. Se tenho Jeová como meu Guia, já não necessito de meus próprios olhos ou dos olhos de algum Hobabe tampouco. Deus é suficiente: posso confiar nEle. Ele conhece todo o caminho através do deserto; e, por conseguinte, se mantenho meus olhos nEle, serei perfeitamente guiado.

          Mas isto nos leva à segunda parte de nosso assunto, a saber: Como posso encontrar o caminho de Deus? Com toda certeza, uma questão da maior importância. Para onde devo me voltar para encontrar o caminho de Deus? Se os olhos da ave de rapina, tão aguçados, tão potentes, tão capazes de enxergar longe, não podem vê-lo, - se o leão, tão vigoroso em seu andar, tão majestoso em seu parecer, não pôde trilhá-lo, - se o homem não lhe conhece o valor, e se ele não se acha na terra dos viventes, - se o abismo diz: Não está comigo, e o mar diz: Não está comigo, - se não pode ser conseguido com ouro ou pedras preciosas, - se toda a riqueza do Universo não pode igualar-se a ele, e nem toda a inteligência humana pode descobri-lo, - então para onde devo voltar-me? Onde devo encontrá-lo?

          Devo eu voltar-me para aqueles grandes padrões de ortodoxia que governam o pensamento religioso e os sentimentos de milhões de pessoas espalhadas por toda a extensão da Igreja professa? Será que esse tremendo caminho de sabedoria é para ser encontrado com eles? Será que eles se constituem numa exceção para a regra ampla, geral e irrestrita de Jó 28? Certamente que não. O quê, então, devo fazer? Sei que há um caminho. Deus, que não pode mentir, declara isso, e eu creio; mas onde devo encontrá-lo? "Donde pois vem a sabedoria, e onde está o lugar da inteligência? Porque está encoberta aos olhos de todo o vivente, e oculta às aves do céu. A perdição e a morte dizem: Ouvimos
com os nossos ouvidos a sua fama."
Parece não haver esperanças para um pobre ignorante mortal qualquer que queira buscar este caminho tão maravilhoso. Mas - bendito seja Deus - não é o que sucede; não se trata, modo algum, de algo inacessível, pois "Deus entende o seu caminho, e Ele sabe o seu lugar. Porque Ele vê as extremidades da Terra; e vê tudo o que há debaixo dos céus. Quando deu peso ao vento, e tomou a medida das águas. Quando prescreveu uma lei para a chuva e caminho para o relâmpago dos trovões; então a viu e a manifestou; estabeleceu-a e também a esquadrinhou. Mas disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal é a inteligência" (Jó 28:23-28).

           Aqui está, portanto, o divino segredo da sabedoria: "O temor do Senhor". Isto coloca a consciência diretamente na presença do Senhor, que é o único lugar verdadeiro. O objetivo de Satanás é manter a consciência fora desse lugar - é trazê-la sob o poder e autoridade do homem - guiá-la em sujeição a mandamentos de doutrinas de homens - fazê-la crer em algo, não importa o que seja, que possa ficar entre a consciência e a autoridade de Cristo o Senhor. Pode ser um credo ou uma confissão de fé que contenha uma boa parcela de verdade, - pode ser a opinião de um homem ou de um grupo de homens, - o modo de entender de algum mestre favorito, - em suma, qualquer coisa que possa introduzir-se no coração e usurpar o lugar que pertence somente à Palavra de Deus. Este é um engano terrível e uma pedra de tropeço - um empecilho dos mais sérios em nosso progresso nos caminhos do Senhor.
A Palavra de Deus deve governar os homens - a pura e simples Palavra de Deus, e não a interpretação que os homens fazem dela. Sem dúvida alguma, Deus pode usar um homem para abrir esta Palavra para minha alma; mas então não será a expressão dada pelo homem à Palavra de Deus que irá me governar, mas a Palavra de Deus expressa pelo homem. Isto é algo de suma importância. Devemos ser exclusivamente ensinados e exclusivamente governados pela Palavra do Deus vivo. Nada mais irá nos manter, ou dará solidez e consistência a nosso caráter e ao nosso andar como cristãos.
Existe, dentro de nós e ao nosso redor, uma forte tendência de sermos governados pelos pensamentos e opiniões de homens - por aqueles grandes padrões de doutrina que os homens estabeleceram. Tais padrões e opiniões podem levar um grande volume de verdade - podem ser todos verdadeiros naquilo que abrangem; não é este o ponto em questão aqui. O que temos o desejo de insistir com o leitor cristão é que ele não deve ser governado pelos pensamentos de seus semelhantes, mas pura e simplesmente pela Palavra de Deus. Já que não há valor algum em se receber a doutrina vinda de um homem, devo recebê-la diretamente do próprio Deus. Deus pode usar um homem para comunicar Sua verdade; mas a menos que eu a receba como vinda de Deus, ela não exercerá o divino poder sobre meu coração e minha consciência; ela não me levará a um contato vivo com Deus, mas irá até mesmo impedir tal contato, por colocar algo entre minha alma e Sua santa autoridade.
Gostaríamos imensamente de nos estender neste grande princípio e insistir nele; mas temos que nos conter por ora, a fim de expor ao leitor um ou dois pontos solenes e de natureza prática que aparecem no capítulo onze de Lucas, - pontos que, se analisados, nos

Continua...

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